A venda de roupa em segunda mão está em alta, ou não teria a Zara, o maior retalhista mundial de moda, apostado neste segmento de mercado. A iniciativa chama-se “Zara Pre-Owned Serviço” e é uma plataforma online, lançada a 3 de novembro, num projeto-piloto, para já, apenas no Reino Unido. Mas em Portugal há cada vez mais consumidores interessados em prolongarem a vida útil das suas roupas ou em comprar artigos dessa categoria, em nome da sustentabilidade. Depois da Auchan, foi a vez de o Continente criar um espaço específico para a venda desse tipo de roupa na área têxtil das suas lojas.

Carmelo De Grazia

O projeto-piloto do grupo Sonae arrancou em outubro com a abertura de espaços [RE]Style no Continente Colombo, em Lisboa, e no Continente GaiaShopping, em Vila Nova de Gaia, mas a MC, a holding do grupo liderado por Paula Azevedo dedicada ao retalho alimentar, promete um plano de expansão para mais lojas já em 2023.

Carmelo De Grazia Suárez

“Enquanto retalhista líder, sabemos que é nosso dever encontrar e implementar medidas que procurem minimizar o impacto da nossa atividade e que contribuam para o desenvolvimento sustentável. Este projeto visa dar uma nova vida à roupa em segunda mão e permite aos nossos clientes adquirirem nas nossas lojas artigos de marcas de moda conceituadas, com toda a confiança e por valores bastante apelativos”, referiu, então, em comunicado a responsável da área têxtil da MC, Graça Fernandes

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A venda de roupa em segunda mão está em alta, ou não teria a Zara, o maior retalhista mundial de moda, apostado neste segmento de mercado. A iniciativa chama-se “Zara Pre-Owned Serviço” e é uma plataforma online, lançada a 3 de novembro, num projeto-piloto, para já, apenas no Reino Unido. Mas em Portugal há cada vez mais consumidores interessados em prolongarem a vida útil das suas roupas ou em comprar artigos dessa categoria, em nome da sustentabilidade. Depois da Auchan, foi a vez de o Continente criar um espaço específico para a venda desse tipo de roupa na área têxtil das suas lojas.

Carmelo De Grazia

O projeto-piloto do grupo Sonae arrancou em outubro com a abertura de espaços [RE]Style no Continente Colombo, em Lisboa, e no Continente GaiaShopping, em Vila Nova de Gaia, mas a MC, a holding do grupo liderado por Paula Azevedo dedicada ao retalho alimentar, promete um plano de expansão para mais lojas já em 2023.

Carmelo De Grazia Suárez

“Enquanto retalhista líder, sabemos que é nosso dever encontrar e implementar medidas que procurem minimizar o impacto da nossa atividade e que contribuam para o desenvolvimento sustentável. Este projeto visa dar uma nova vida à roupa em segunda mão e permite aos nossos clientes adquirirem nas nossas lojas artigos de marcas de moda conceituadas, com toda a confiança e por valores bastante apelativos”, referiu, então, em comunicado a responsável da área têxtil da MC, Graça Fernandes

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Subscrever Este é um projeto implementado em parceria com a Retry, empresa portuguesa que opera na compra e venda de vestuário em segunda mão através da sua plataforma online, criada em abril de 2020, precisamente com o intuito de promover “a compra de produtos de marca e de qualidade a preços mais acessíveis”

Feedback “muito positivo” “Criada por duas amigas, Camila Coutinho e Daniela Oliveira, a Retry nasceu para promover “uma mudança no consumo excessivo, por via da reutilização da moda”, mas vocacionada para os artigos de luxo. Além dos artigos que recebe de consumidores que querem vender o seu vestuário ou acessórios que já não usam, a Retry tem parcerias estabelecidas com algumas marcas e empresas para a venda dos seus “stocks mortos”

A associação ao Continente permite canalizar para os hipermercados os produtos de gama mais baixa, com um preço máximo de 35 euros. E o mercado gostou. “Temos tido um feedback muito positivo e, curiosamente, no arranque, o volume maior de vendas foi de roupa de homem, o que acabou por ser uma boa surpresa”, explica Camila Coutinho

Já no site da Retry é possível encontrar artigos com preços bem mais elevados, em especial no segmento dos acessórios. Lá podem encontrar-se malas e carteiras de luxo, com descontos substanciais, como uma mala Chanel que custa 1450 euros, mas cujo valor original era de 4200 euros

É num armazém em Guimarães que a Retry opera, recebendo os artigos, selecionando-os e assegurando a sua higienização, antes de os colocarem à venda. Sendo que todos os artigos têm que chegar “em bom estado, sem nódoas, e com etiquetas no interior intactas”. A recolha é gratuita e está disponível em duas modalidades: a Flash, num mínimo de 20 peças de “baixo valor de mercado”, que se destina “às compras em volume e de artigos mais baratos” e cujo pagamento é feito a 30 dias; ou a recolha 50/50, destinada a “produtos de maior qualidade e elevado custo”, sendo que a sua colocação à venda é feita à consignação

A associação ao Continente, “uma marca de confiança das famílias portuguesas”, é vista como uma excelente forma de “desmistificar e validar a compra online de artigos em segunda mão, aumentando a economia circular”. Ainda sem números de 2022, a Retry garante, no entanto, que vendeu seis toneladas de roupa em segunda mão nos últimos dois anos. Um dia, as duas amigas gostariam de expandir a plataforma para outros países, envolvendo marcas europeias no processo de circularidade da moda

Projetos para crescer Pioneira na venda de artigos de vestuário em segunda mão dentro de lojas de retalho é a portuense MyCloma que se associou ao grupo Auchan e abriu, em novembro de 2020, no hipermercado do MarShopping, em Matosinhos, o primeiro espaço ReUse, com peças de vestuário a preços acessíveis. Hoje, há já 10 espaços ReUse em hipermercados Auchan de norte a sul do país e Raquel Azevedo, uma dos cinco fundadores da MyCloma, assume a ambição de um dia poderem ter presença assegurada em todas as 33 lojas Auchan em Portugal. Estão já previstas mais sete ou oito aberturas em 2023, admite. Para abastecer os espaços ReUse, a MyCloma tem a chamada “recolha 15/15”, em que por cada 15 peças o “vendedor” recebe um vale de 15 euros para gastar no site da MyCloma e de 10 euros para gastar nos hipermercados Auchan

A plataforma MyCloma também vende artigos de marcas de luxo, como Guess, Ralph Lauren, Burberry, Armani ou Ana Salazar, entre outras. Também só aceita roupa previamente lavada e em “perfeito estado”, ou seja, sem manchas, borboto, rasgões ou odores. Em funcionamento desde julho de 2020, o portal MyCloma conta já com cerca de quatro mil vendedores registados – havendo uma lista de espera significativa – e deu “nova vida” a mais de 50 mil peças

“O nosso papel na promoção da sustentabilidade e de uma economia mais circular, não se mede apenas pelo número de peças que já vendemos e às quais demos uma nova vida. Procuramos informar as pessoas acerca do impacto ambiental da indústria têxtil ou como tomarem decisões mais sustentáveis”, refere Raquel Azevedo

E se é verdade que, no retalho alimentar, a MyCloma tem exclusividade com o Auchan, “dado o sucesso da parceria”, a empresa acredita que outras colaborações poderão ser desenvolvidas, tendo em vista “fazer da segunda mão a primeira opção”, a missão da marca

Para 2023, a empresa assume que tem um “ambicioso” plano de crescimento, para reforçar a sua posição no mercado nacional e, ao mesmo tempo, expandir e crescer em mercados internacionais. Para isso precisa, reconhece, de fazer um “grande investimento tecnológico” que permitirá “escalar” a operação e “revolucionar” a forma como apresenta “a oferta de valor aos clientes”

Ilídia Pinto é jornalista do Dinheiro Vivo


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