Este jornal digital regista que Rodrigo Gonçalves foi julgado por corrupção e ilibado e foi condenado por agressão a um outro autarca do PSD. Uma investigação do Observador identificou um novo caso

A PJ realizou buscas nesta terça-feira na Câmara Municipal de Oeiras, na câmara de Odivelas e na Junta de Freguesia das Avenidas Novas (Lisboa). O principal visado é Rodrigo Gonçalves (e alguns familiares), atual membro da Comissão Política Nacional do PSD, escolhido pelo presidente do partido, Luís Montenegro. Em causa estão os crimes de corrupção ativa, participação económica em negócio e prevaricação.

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Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, confirmou que a Câmara de Oeiras foi alvo de buscas. E num comunicado deixou o seguinte comentário: “Sobre eventuais relações minhas com apoios a candidatos do PSD, apenas posso afirmar que só podemos estar perante uma fabulação. Estamos em 2022, não sou militante do PSD desde 2005.”

Em causa estarão negócios de Rodrigo Gonçalves que envolverão a mulher, que trabalha no departamento jurídico da Câmara de Odivelas, e também o pai do membro do PSD, relacionados com suspeitas de contratações públicas feitas pelas autarquias..

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Subscrever Através de um comunicado, Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, confirmou que, “no desenvolvimento de uma investigação atinente, a procedimentos de contratação pública realizados por diversas Autarquias Locais, procedeu à realização de quinze buscas domiciliárias e não domiciliárias, designadamente, em duas Câmaras Municipais, uma Junta de Freguesia, em treze empresas e em nove residências, todas situadas na área Metropolitana de Lisboa“.

De acordo com a PJ, “está em causa uma investigação em que se visa apurar a eventual prática de crimes de corrupção ativa e passiva para ato ilícito, de participação económica em negócio e de prevaricação”

A operação em curso e as buscas realizadas “visam a recolha de elementos indiciários de diversa natureza, tendentes ao esclarecimento dos factos objeto de inquérito titulado pelo DIAP Regional de Lisboa – 1.ª Secção, relacionados com contratação de prestação de serviços, contratação de recursos humanos e adjudicações suspeitas”.

Na operação desencadeada pela UNCC, com a colaboração de outras Unidades da Polícia Judiciária, participaram investigadores, peritos financeiros e informáticos.

Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, já cumpriu pena de prisão por outros ilícitos de natureza económica. E recentemente foi alvo de uma nova acusação, de prevaricação de titular de cargo político. por alegadamente beneficiar uma empresa de construção civil em várias Parcerias Público-Privadas que terão lesado o município em milhões de euros

Rodrigo Gonçalves tem estado, ao longo da sua militância e funções partidárias, envolvido em casos polémicos, com suspeitas relacionadas com contratações quando exerceu cargos públicos. Rodrigo e o pai, Daniel Gonçalves – que preside à junta de freguesia das Avenidas Novas – eram conhecidos no PSD pelo “Clã Gonçalves”, dominando boa parte da máquina partidária em Lisboa e influenciando as escolhas do partido e, alegadamente, beneficiando empresas, como contou em detalhe o Observador.

Em maio 2019, na sequência de uma investigação do DN, Rodrigo Gonçalves demitiu-se de consultor do PSD, numa altura em que tinha alcançado um papel de relevo na estrutura do ex-presidente Rui Rio. A decisão surgiu após a publicação de uma investigação do Diário de Notícias que dava conta da existência de uma série de perfis falsos, no Twitter e no Facebook, que espalhavam mentiras sobre adversários políticos do partido. Rodrigo Gonçalves era mencionado no trabalho como sendo uma das quatro pessoas, reais, que interagiam com as contas fictícias.

Rodrigo Gonçalves tornou-se um incómodo para o partido e, em 2017, Pedro Passos Coelho chegou a vetar o seu nome para candidato autárquico.

Segundo o Observador, o “Clã Gonçalves” foi sendo associado a “processos de ajustes diretos a empresas detidas por militantes do partido próximos da família Gonçalves, de cancelamentos de contratos e de transferência de uma junta para outra”.

Este jornal digital regista que Rodrigo Gonçalves foi julgado por corrupção e ilibado e foi condenado por agressão a um outro autarca do PSD. Uma investigação do Observador identificou um novo caso.

Quando era presidente da junta de freguesia de São Domingos de Benfica, cancelou seis contratos com fornecedores para voltar a assinar adjudicações diretas por dois anos com as mesmas seis empresas de amigos e militantes da sua fação do PSD. O valor total dos ajustes: 212,7 mil euros (para cinco dessas seis empresas).

Isaltino Morais, entretanto, confirmou as buscas à Câmara Municipal de Oeiras através de um comunicado.

“Foram hoje efetuadas buscas na Câmara Municipal de Oeiras, tendo sido prestado todo o apoio necessário ao bom andamento das mesmas.

Sobre o mesmo assunto, ver comunicado de 6 de junho de 2018 (que se anexa) após diligências realizadas nos Paços do Concelho na altura (há mais de 4 anos).

Desde então, não há nenhuma decisão tomada pelos órgãos municipais relativamente a esta matéria.

Sobre eventuais relações minhas com apoios a candidatos do PSD, apenas posso afirmar que só podemos estar perante uma fabulação. Estamos em 2022, não sou militante do PSD desde 2005.”


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